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Como pessoas de fora da comunidade LGBTQIAP+ podem ser rede de apoio?

  • Foto do escritor: Luana Moreno
    Luana Moreno
  • 17 de jan. de 2023
  • 5 min de leitura

Vamos falar de pessoas LGBTQIAP+ no plural! É óbvio que elus são únicos, afinal todes somos, não? Mais ou menos, eu diria…


Apesar de entender a individualidade de cada pessoa enquanto seres humanos. Entendo que exista uma individualidade coletiva e compartilhada por cada grupo na sigla e suas intersecções. Uma mulher cis e lésbica não terá a mesma vivência de uma mulher trans lésbica. E com certeza não irá sofrer as mesmas violências.


A mulher trans lésbica provavelmente já foi alguma vez questionada do porque transicionou já que “gosta de mulher”, pois muitas pessoas erroneamente confundem sexualidade e gênero. E que uma não tem nada a ver com a outra.


Esse exemplo simples já mostra como a vivência da comunidade é complexa. Temos uma sigla que no momento é composta de 8 letras que misturam sexualidade e identidades de gênero e +, para enquadrar todes aqueles que não se identificam com nenhuma delas.


Toda essa introdução para começar te dizendo que: o básico para ser uma boa rede de apoio a alguém que amas é conhecer sobre a realidade e violências que elu passa todos os dias. Nem sempre a família vai ser o pilar principal para uma pessoa LGBTQIAP+


Muitos dos casos de violência acontecem no ambiente familiar. Em matéria publicada no jornal O povo, é divulgado o “ Relatório Anual de Atividades e Perfil da População LGBT 2020, produzido pelo Centro de Referência LGBT Janaína Dutra, 45% dos casos de violência reportados aconteceram no ambiente doméstico e 43% dos autores da violência reportada faziam parte do convívio íntimo da vítima.” (www.opovo.com.br).


Quase metade das pessoas LGBTQIAP+ sofrem violência dentro de casa


Esta conversa é apoiada na entrevista com a Psicanalista Giovanna L. Ávila, mestre em psicologia e pesquisadora de gênero e crimes violentos.


Giovanna trouxe uma primeira definição de rede de apoio que nos faz sair da caixinha e entender que espaço físico não é fator determinante e nem exclui uma pessoa de ser rede de apoio. Mesmo longe de seu amigue, familiar, namorade você cumprir este papel


Para ela, A rede de apoio é “uma estratégia social de sobrevivência, um espaço que transcende o meio físico, e que proporciona segurança, amparo e proteção social e emocional a um ou mais sujeitos que possam ser expostos a qualquer condição de vulnerabilidade, intolerância, preconceito e violência”.


Frases como essas apenas invalidam o sentimento de uma pessoa LGBTQIAP+ que já sofre violências simbólicas e institucionais o tempo todo.


O olhar torto machuca. Ser tratade pelo gênero errado, machuca. Ter sua opção sexual questionada, machuca. Não se sentir confortável para ir ao banheiro, machuca.


A rede de apoio não deve ser mais um lembrete de que vivemos em uma sociedade cis-branco-hétero normativa e que qualquer pessoa que fuja a essa padrão é dada como errada. E somos muites!


Infelizmente não posso te trazer um dado ou pesquisa precisa, mas o polêmico levantamento do IBGE apontou que no Brasil existem 2,9 milhões de pessoas maiores de 18 anos que se declaram lésbicas, gays ou bissexuais. A pesquisa ainda ignora pessoas trans, queer, intersexo, assexuais, panssexuais e mais. Além de com certeza ter subnotificação, já que não é novidade para ninguém que sair do armário dentro de casa é mais difícil e até mesmo perigoso.


Para você que quer ser rede de apoio, vem comigo que darei algumas dicas práticas.


Entrevistamos a Psicanalista Giovanna L. Ávila, mestre em psicologia estudando gênero e crimes violentos.


Para começar a conversa, Giovanna trouxe uma primeira definição de rede de apoio que nos faz sair da caixinha de entender que é apenas quem está próximo. Mesmo longe de seu amigue, familiar, namorade você pode ser rede apoio.


Para ela, A rede de apoio é uma estratégia social de sobrevivência é um espaço que transcende o meio físico, e que proporciona segurança, amparo e proteção social e emocional a um ou mais sujeitos que possam ser expostos a qualquer condição de vulnerabilidade, intolerância, preconceito e violência

E sendo pessoas de um grupo minorizado socialmente, estão mais sujeitas a sofrer intolerância, preconceito e violências diversas. Violências físicas, verbais, simbólicas, sociais…A todo momento a cis-heteronomatividade cria regras e padrões que fere quem foge e aquelus que não fogem mas, excluem sua própria identidade para seguí-lo.


E o que fazer em casos de violência com pessoas LGBTQIAP+ ?


Para Giovanna, “ o primeiro ponto é entender que não existe violência maior ou menor, todo tipo de ato violento abre margem para sucessivas e mais intensas violências.”

A partir daí a profissional nos indica 3 passos que podem ajudar neste momento:


  1. Garantir a segurança física dessa pessoa, pois somos o país que mais mata pessoas LGBT no mundo. Isso se faz com acolhimento e escuta, não agindo conforme o que você acha que é melhor, reforça Giovanna. A escuta é essencial para não colocar essa pessoa em constrangimento ou exposição a maiores riscos.


  1. Nunca, em hipótese alguma, agir como se tivesse o direito de mensurar, definir ou atenuar a gravidade da violência. Quem sabe sobre a dor é quem a vive. Não roube a cena.


  1. O terceiro passo é compreender que você não é a salvação de ninguém, então é importante verbalizar e demonstrar o apoio, mas reconhecer os próprios limites e encaminhar e acompanhar a pessoa que sofreu LGBTfobia a quem realmente tem recursos e conhecimento para ajudar de forma adequada quando necessário: profissionais de saúde e saúde mental, de atenção psicossocial, profissionais da justiça e o que for necessário para oferecer recursos à pessoa.


Como refutar um preconceito na roda de amigues?


Você , pessoa cis-héterossexual, está no bate-papo presencial ou virtual e ouve uma piadinha, um ofensa de leve..a alguém da comunidade LGBT…parece bobeira né, mas casos como esse incentivam novas violências. Porque para a pessoa agressora parece que está tudo bem, já que o pensamento delu é validado a todo momento por muites.


Não ser mais um/a agente validador/a faz sim diferença!


Mas, como? Pois bem, primeiro não exponha ou constranja ainda mais quem sofreu a violência. Elu não é seu alvo.


Depois, questione. Todos riram da piada, pergunte “E aí, o que achou engraçado? Me explica que não entendi” , “Você entende que esse pensamento legitima uma violência?”, “Por que é engraçado humilhar alguém por ser quem é?”. Com perguntas, você evita um embate e traz consciência para o grupo de que aquilo não é exatamente uma piada.


Se o caso na verdade foi um comentário LGBTfóbico por falta de conhecimento da pessoa emissora. Explique, é seu papel enquanto não LGBT disseminar conhecimento sobre e levar autocrítica para mais pessoas.


Outro momento importante para ser rede de apoio é quando alguém conhecide está saindo do armário, seja pela primeira vez ou em algum ambiente específico. Já sabe o que fazer nesse caso?


Como ser rede de apoio no momento de saída do armário?


Giovanna nos explica que antes de tudo é acolher e respeitar o tempo das pessoas. Ninguém deve ser obrigade a sair do armário sem estar pronte, certo?


A psicanalista completa trazendo: “Esteja disponível para essa pessoa. Se ela quiser conversar, escute para ajudá-la a entender (e não para dar soluções prontas) o que a deixa com medo, angustiada e o que a fortalece. Pergunte a ela como você pode apoiá-la. Se ela não souber responder, esteja disponível para pensarem juntes.”


E nunca obrigue a pessoa a falar além do que ela consegue no momento, ok!


A dica final é: “deixe essa pessoa saber tudo o que você vê de bom nela e o que sente de bom por ela. Não crie expectativas. Não há uma forma certa ou errada de sair do armário, toda libertação é válida e se torna mais fácil com o amor, a compreensão e a segurança de uma rede de apoio. “ explica Giovanna.


O texto termina por aqui, mas te convido a abrir essa conversa nos comentários. Como podemos ser uma rede de apoio? Fica a pergunta para ti ;)


Por Luana Moreno



 
 
 

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